Por Isabelle Lemos, estudante do Prep Program 2025
“Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro.” — Emicida, AmarElo
Dar início ao processo de application pode ser assustador. São provas novas, expectativas inéditas, desafios gigantescos. Mergulhar nesse cenário inexplorado em busca de um sonho mexe com tudo dentro da gente — principalmente com a nossa história. Mostrar para a universidade dos sonhos que você é muito mais do que um bom desempenho acadêmico é essencial, e é aí que o autoconhecimento se torna uma peça-chave.
Mas e quando você sente que não se conhece o bastante? É curioso, mas comum: o texto emperra, suas atividades extracurriculares perdem sentido, e a comparação com outros candidatos parece minar qualquer confiança. Se isso já aconteceu — ou está acontecendo — com você, respira. Você não está sozinho. Tenho visto, cada vez mais, o quanto a falta de autoconhecimento pesa na jornada de quem aplica para universidades no exterior. Por isso, trago aqui algumas reflexões e exemplos de quem viveu esse processo na pele — e aprendeu a tornar tudo isso menos sobre o medo e mais sobre si mesmo.
“Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes” — Paulo Henrique Reis: identificando o que é autoconhecimento
Autoconhecimento não é só um conceito bonito: é o reconhecimento honesto de quem você é — múltiplo, imperfeito, inteiro. É ver as cicatrizes, mas não deixar que sejam elas a única coisa que fale por você.
Paulo Henrique Reis, aluno do PREP Program, cresceu em um ambiente difícil. Para sobreviver, precisou moldar sua personalidade, silenciando partes de si mesmo para evitar conflitos. Com o tempo, percebeu que viver assim era sufocar quem ele realmente era — e decidiu resgatar sua essência.
Ele incluiu na rotina práticas que o ajudaram a se reconectar com suas raízes, redescobrindo sua voz e sua força. Hoje, Paulo inspira outros a fazerem o mesmo. Sua história nos lembra que o primeiro passo é aceitar as cicatrizes — mas não deixá-las contar toda a história. É permitir que seja você quem fala.
“Se isso é sobre vivência…” — Beatriz Oliveira: aplicando o autoconhecimento na rotina do application
Manter a confiança durante o application não é fácil. Beatriz Oliveira, também do PREP 2030, enfrentou momentos de dúvida e crise. Para não se perder no caminho, ela criou um exercício diário: relembrar suas conquistas, acolher suas fragilidades e observar cada circunstância com mais calma.
Beatriz transformou até as partes mais caóticas do processo em algo quase poético — uma forma de romancear o real, dar valor ao que poderia ser negligenciado. Assim, manteve viva a motivação para seguir, ancorada em sua paixão pelas artes e na certeza do seu valor.
Ela mostra que autoconhecimento não é algo que se guarda numa gaveta: é prática diária. É o que sustenta a confiança quando tudo parece instável.
“Respira fundo e volta pro ringue” — Marielly Nogueira: transformando o autoconhecimento em ação social
Marielly, outra aluna do PREP 2030, viveu uma experiência dolorosa relacionada ao câncer. Poderia ter paralisado. Mas ela transformou a dor em força — criou um projeto de apoio a pessoas em tratamento, levando acolhimento e esperança a quem precisa.
Seu exemplo mostra o poder do autoconhecimento quando se transforma em ação. Ele não só fortalece quem somos, mas multiplica impacto — leva sentido à dor, propósito à luta. Marielly nos lembra: o medo maior não é a morte, mas não viver tudo o que podemos viver. É não usar o que sabemos de nós para transformar o mundo.
“Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte” — André Avellar: superando a comparação com autoconhecimento
Comparar-se aos outros é uma armadilha quase inevitável no application. André, ex-aluno do PREP, sentiu isso na pele. No meio de tantos candidatos incríveis, duvidava do próprio valor. Mas foi justamente o autoconhecimento que o blindou.
Ele dizia: “Ninguém ama o que eu faço mais do que eu mesmo.”
Essa certeza, construída na convivência íntima consigo, foi o que o manteve firme — inteiro, autêntico, imune às vozes externas.
A lição de André é clara: não existe espaço para ser metade. É preciso ser inteiro. Amar sua própria história é o antídoto contra a comparação.
Considerações finais
O application vai muito além de provas e notas. É um convite para se ver de frente, se aceitar e se mostrar ao mundo de forma autêntica. Sua superação não mora na perfeição, mas na coragem de ser quem você é — inteiro, vulnerável, verdadeiro.
Como disse Emicida:
“Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro.”
Que essa frase seja um lembrete: você não é suas feridas, nem suas dúvidas. Você é quem decide seguir, mesmo assim.
Dedicatória
Agradeço imensamente a Paulo Henrique Reis, Beatriz Oliveira, Marielly Nogueira e André Avellar, por compartilharem suas histórias e mostrarem, na prática, que autoconhecimento é base para superar, recomeçar e construir um futuro com propósito.
Dedico este texto a todos que estão nessa jornada de application, enfrentando suas próprias batalhas internas. Que vocês encontrem dentro de si a força para continuar, a voz para se expressar e a coragem para mostrar ao mundo quem são — inteiros, únicos, vivos.
Carioca, guitarrista e apaixonada pelo aeroespacial. Sou a Isabelle, filha das praias do Rio e aspirante a engenheira. Divido meus dias entre músicas e listas de matemática, a dualidade entre arte e a ciência constituem quem sou. Vejo o mundo com olhos artísticos e sonho em, um dia, olhar de pertinho para outros mundos com o mesmo carinho – ao infinito e além dele.
A coluna acima foi escrita por Isabelle Lemos, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.