Por Giovana Ramalho Lacerda, estudante do Prep Program 2025
Antes mesmo de começar o ano, eu me questionava como conseguiria patinar por 2025 com cada um dos pés em tipos diferentes de patins: um rumo às faculdades no exterior e o outro aos vestibulares brasileiros. Mais de dez meses após esse questionamento inicial e estando próxima da data do Exame Nacional do Ensino Médio, posso dizer que foi em um zigue-zague, com repetidas voltas, que consegui encontrar um caminho para minha mente.
Para o exterior, estou aplicando para ciências políticas e cursos similares, e para o Brasil, pretendo utilizar minha nota do ENEM para gestão pública. E, a preparação para ambos ocorre durante vários anos, incluindo envolvimento em atividades extracurriculares e estudo intenso para provas do colégio desde o início do ensino médio. Para essa preparação simultânea, tornei uma ferramenta do outra.
Por exemplo, quando me preparava para uma simulação das Nações Unidas, sabia que muito provavelmente o assunto debatido já teria sido assunto de questões de vestibulares. Seja o assunto específico de determinados países, como a Guerra das Coreia, ou assuntos de impacto diretamente global, como a conferência de Bandung. Estudava o tema inicialmente usando os materiais disponibilizados pela conferência, como os guias de estudo, e logo mais procurava por questões de vestibulares, tanto de faculdades privadas quanto públicas, sobre aquele assunto para acrescentar ao meu conhecimento.
Para atividades como pesquisa, não necessariamente haverá questões relacionadas com o conteúdo da minha pesquisa. Mas, tentava sempre ver os conhecimentos que adquirira com relatório para redação: para minha pesquisa sobre o futuro do mercado de trabalho da medicina, praticava escrever redações com temas da área de saúde e sobre o envelhecimento populacional.
Ter autoconhecimento sobre minhas preferências também foi essencial para esse processo de conciliação. Eu sabia que as atividades extracurriculares seriam sempre mais atrativas para mim do que maratonar questões de vestibulares. Para alguns, fazer simulações de provas do ENEM e da FUVEST pode ser uma atividade mais chamativa e, portanto, ocupar grande parte da rotina do indivíduo. Para mim, no entanto, foi necessário estabelecer uma rotina para fazer simulados do ENEM durante a semana.
Durante cada um dos anos do ensino médio, segui uma frequência diferente, adequada ao ano em que me encontrava, para garantir prática e ritmo de prova. No colégio em que estudo, no primeiro e no segundo ano tínhamos prova na maior parte dos sábados, e no terceiro ano, em todos os sábados e em alguns dias da semana. Pela preocupação que sempre tive com o GPA, que corresponde à média das notas do ensino médio enviada para as faculdades, usava as provas do colégio como estímulo para solidificar minha prática para os vestibulares. Principalmente nas provas abertas, estudava os conteúdos de maneira bastante detalhada. Eu sabia que não precisaria desses detalhes para realizar as provas, mas sabê-los me ajudaria a tornar meu aprendizado de longo prazo.
Algo que considero muito importante também é constituir um vínculo de confiança e apoio com seus professores. A cada simulado feito e mesmo nas questões do livro, perguntava para meus professores. Não deixava acumular assuntos e, caso estivesse confusa, perguntava imediatamente, pois sabia que nas semanas seguintes haveria prazos e entregas relacionados às atividades extracurriculares.
Ter grupos de apoio também é muito importante, sejam eles ciclos de amizade ou um programa preparatório que garante conexão com uma comunidade, como o Prep Program. Encontrar colegas e amizades para tirar dúvidas junto com você traz um sentimento de pertencimento a um time: não apenas a conexão de você e seus amigos estarem buscando mais conhecimento e desafios e poderem se ajudar a entender as dúvidas uns dos outros, mas também a sensação de estar no mesmo barco que outras pessoas presentes no seu dia a dia.
Quanto aos grupos relacionados às atividades extracurriculares, isso pode ser um pouco mais desafiador. Infelizmente, ainda não são muitos os alunos que têm a cultura de fazer atividades extracurriculares no Brasil. Por isso, sempre me ajudou muito buscar essas atividades dentro do colégio e me conectar com as pessoas que as realizavam. No meu antigo colégio, fundei a simulação da ONU da escola: junto com outras garotas, escrevemos o estatuto do clube e da conferência e nos reuníamos constantemente para montar as aulas. Nossa frequência de comunicação e de momentos lúdicos de interação, como almoços conjuntos, aumentou muito.
Como um todo, acredito que ter conexões no mundo dos vestibulares e no mundo das atividades extracurriculares torna o processo mais fluido, pois você terá companhias para suas vitórias, mas principalmente para seus desafios. Explique aos seus professores sua participação nesses dois mundos e tire suas dúvidas constantemente. De fato, essa conciliação é um processo bastante desafiador e intenso, mas, com autoconhecimento ao longo do processo, você saberá tomar as melhores decisões.
Estou na torcida por vocês, vestibulandos e aplicantes! Lembrem-se de que vocês jamais estarão sozinhos 🙂
Giovana é uma estudante soteropolitana de 17 anos, atualmente no 3º ano do ensino médio. Sua ambição de estudar no exterior surgiu cedo e, desde o 9º ano, participa ativamente de Simulações das Nações Unidas, acumulando experiência em cerca de 40 conferências. Também se dedica à pesquisa científica, investigando os efeitos das redes sociais em jovens. Seu objetivo é cursar Ciência Política e advogar pelo acesso ao esporte.
A coluna acima foi escrita por Giovana Ramalho Lacerda, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.











