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Ano sabático com propósito: o que é e como transformar esse tempo em uma jornada de autoconhecimento

Por Beatriz Moraes, estudante do Prep Program 2025

Durante todo o meu Ensino Médio, eu me planejei para começar a faculdade o mais rápido possível. Estar presente em todas as aulas, fazer todos os trabalhos e ser a melhor aluna que conseguia, porque assim eu aprenderia mais e passar na faculdade seria algo mais fácil de ser atingido. O sonho de estudar fora estava ali, mas não achei que fosse realmente possível. E com todos os meus amigos e professores focados somente no ENEM, resolvi que iria focar somente em vestibulares brasileiros.

Contudo, no meu último ano, descobri o Prep Program da Fundação Estudar — um programa preparatório para estudantes que querem ingressar em faculdades no exterior. Ali vi a oportunidade que queria para reanimar o meu antigo objetivo de estudar fora. Então coloquei na minha cabeça que, se passasse, seria um sinal dos deuses para eu tentar estudar no exterior; se não, seria um sinal de que meu caminho continuaria no Brasil.

E mesmo acreditando que não seria aceita, eu fui. Dessa forma, o sonho de estudar fora ressurgiu no meu coração, mas com um pequeno detalhe: o ano letivo nos Estados Unidos só começa em agosto, e as aplicações para as faculdades começam em dezembro ou janeiro do ano anterior. E foi assim que decidi tirar o famoso — mas nem tão famoso assim — ano sabático

Chamado “Gap Year” no exterior, o Ano Sabático é um termo utilizado para definir um ano entre a saída da escola e o início da universidade, que geralmente é gasto viajando, trabalhando ou fazendo alguma outra coisa que ocupe o seu tempo. No meu caso, eu passaria estudando, escrevendo redações e estudando de novo. À primeira vista, eu estava nervosa para ficar um ano sem fazer “nada” — sem estar na escola e na faculdade. Porém, agora, quase no fim, sinto que fiz a decisão certa para o meu crescimento como pessoa e estudante

Nesta coluna, vou compartilhar os bastidores de um ano que muitos enxergam como “gasto de tempo”, mas que, na verdade, pode ser cheio de descobertas e aprendizados. Quero te ajudar a entender se um ano sabático é para você — e dar dicas práticas sobre como aproveitar esse tempo da melhor forma.

Faça um plano

Faça. um. plano. Essa é a dica mais importante para ter um ano sabático bem-sucedido.

Antes de começar o meu ano, eu escrevi em um documento no Word informações essenciais que seriam úteis de lembrar ao longo do ano: porque queria estudar fora, as minhas metas e quais atividades eu tinha interesse de começar. Esse passo foi essencial para me guiar ao longo do processo — toda vez que eu sentia vontade de desistir ou me distraía com coisas que não importavam, eu olhava para essa pasta para me lembrar por que comecei.

Conforme os meses foram passando, algumas metas e ideias abandonei, e também comecei outras que não constavam no plano inicial. A ideia de ter um plano não é ter algo 100% fixo, que não pode ser mutável, mas sim ter um norte para te guiar no início.

Por isso, se você está considerando tirar um ano sabático e quer descobrir se é realmente para você, abra um Google Docs, notas no celular ou até uma página de caderno (como os incas e os maias faziam) e faça um brainstorming. Escreva qual é o seu objetivo para aquele ano, o que você vai fazer durante os seus dias, quais atividades você quer começar e a pessoa que você quer se tornar depois deste ano. Pode parecer chato e complicado, mas depois você vai notar que, na hora de realizar as tarefas do dia a dia, você vai fazê-las com propósito.

Então siga a minha dica e faça. um. plano!

Se estresse

No começo do meu ano sabático, eu resolvi começar algo que eu queria ter começado há muito tempo, mas não tive oportunidade — aulas de violão. Meu pai tocava violão no Teatro Municipal da minha cidade e, quando eu ainda estava no ensino fundamental, comprou um para ter em casa. Lembro de olhar para aquele instrumento e ficar curiosa para mexer nas cordas e entender como tocar. Desde então, eu quis começar a fazer aulas. 

Contudo, por causa da minha rotina corrida durante o Ensino Médio, não consegui começar. Então, quando entrei em meu ano sabático, vi a oportunidade de realizar uma meta e relaxar, saindo um pouco dos estudos. 

A realidade? Eu só me estressei. Por mais que gostasse de tocar, ficava confusa com os milhões de termos esquisitos — semitom, pestana, cavalete —, vários acordes, os calos nos meus dedos e a dificuldade para entender o ritmo. Sendo assim, toda vez que eu ia tocar era um teste para minha paciência, porque não conseguia de jeito nenhum.

Quando consegui tocar minha primeira música: Bellyache da Billie Elish (que tem literalmente três acordes), explodi de felicidade. Depois disso, comecei a entender melhor as melodias e fui aprendendo cada vez mais músicas. Agora, tocar violão, por mais que continue sendo estressante às vezes, é uma das coisas que mais me deixa feliz. 

A moral da história? Toda atividade vai te causar estresse eventualmente, principalmente no começo. O mais legal de um ano sabático é que se tem mais tempo livre e, por isso, mais oportunidades de experimentar coisas novas. Então, a minha dica é: se estresse! Se jogue nas atividades que você nunca fez e aproveite esse momento de tentar e falhar. Com o tempo, as falhas vão diminuindo e você vai agradecer por começar.

E se nada der certo, pelo menos você aprende um novo acorde no violão (mesmo que ainda desafinado)!

Vá a um bar

“Essa caipirinha custou 10 reais! Quer um pouco?” Foi o que falei em um bar em São Paulo em plena segunda-feira para o meu amigo João, do Prep Program.

Naquele dia, grande parte da classe estava em São Paulo para o evento presencial da Fundação Estudar. Após passarmos quase seis meses juntos — ajudando uns aos outros nas tarefas, nos encontrando semanalmente toda segunda-feira e, às vezes, reclamando das atividades longas que tínhamos que fazer online — estávamos animados de finalmente nos encontrar pessoalmente

Após um longo dia de evento, cheio de networking, apresentações de pesquisa e palestras, decidimos sair todos juntos para um bar e comemorar as conquistas e momentos que vivemos. Nós rimos, dançamos, tiramos fotos, cantamos músicas e tomamos muita caipirinha (os que tinham mais de 18, claro, rs).

Naquele dia, com o João e meus amigos que havia conhecido pela internet, mas que se tornaram importantes para mim como os amigos que conheci na escola, eu senti que havia encontrado um novo tipo de pertencimento — um grupo de pessoas que compartilhava dos mesmos sonhos que eu. E, quando voltei para minha cidade, não conseguia parar de relembrar as conversas, risadas e momentos que vivemos juntos, sentindo que aquele dia havia marcado algo especial na minha vida.

Às vezes, o ano sabático pode ser solitário, já que não é muito comum. Então aproveite esse ano para conhecer pessoas que você não conheceria caso estivesse na escola ou na faculdade — vá a um bar! Faça novas conexões, viaje, participe de eventos, entenda outras perspectivas e explore novos ambientes. Pode parecer algo simples, mas as pessoas com quem convivemos têm um impacto enorme em nossas vidas, abrindo novos horizontes, ensinando sobre o mundo e, principalmente, sobre você mesmo. Construa memórias que, no momento, podem parecer pequenas, mas que, mais tarde, farão toda a diferença quando você se lembrar delas.

E se não sair como o esperado, e você não conhecer ninguém, pelo menos você tomou uma boa caipirinha (claro, se você tiver mais de 18 rs).

Considerações finais

Quero terminar aqui com um conselho. O ano sabático é algo que muitos preferem não fazer, já que preferem seguir direto para a faculdade, com medo de “ficar para trás”. Então, para essas pessoas, estar em um ano sabático pode parecer “preguiça” ou “gasto de tempo”. Contudo, só quem está em seu ano sabático sabe por que resolveu entrar em um, e o que faz dia após dia. 

Então, se você tem vontade de fazer um ano sabático, a minha dica é: vai com tudo! Seja para estudar, trabalhar ou viajar, esse período antes da faculdade é para ser um momento de descobrimento e de se permitir viver sem tantas certezas. É a oportunidade de testar, errar, recomeçar e perceber que, às vezes, se perder um pouco é justamente o que nos faz nos encontrar. Então, elabore um plano, estresse-se nas aulas de violão e vá a um bar com os seus amigos. E eu prometo: assim como eu, você não vai se arrepender.


 

Beatriz Moraes é uma jovem de 17 anos de Santos (SP) que acredita em impacto social como meio de promover justiça. Em 2023, foi eleita jovem vereadora de sua cidade, experiência que consolidou sua vontade de seguir carreira na área de política. Apaixonada por voluntariado, Beatriz atua como CO-CEO do projeto Palavras Que Salvam, que incentiva jovens a expressarem suas vivências por meio da escrita, e diretora regional no Tocando em Frente, que busca ajudar jovens acabando com o vácuo inspiracional. Seu maior propósito é usar a conexão entre pessoas através da educação para transformar realidades — começando pela sua própria comunidade.


A coluna acima foi escrita por Beatriz Moraes, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.

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