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Quando o investimento no MBA vale a pena

Cecilia Araujo - 16/09/2013
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Fazer um MBA em uma das melhores escolas do mundo, nos EUA ou na Europa, pode custar até 180.000 dólares – um gasto e tanto para dois anos de estudo. Além disso, a dedicação ao curso costuma ser total, sem sobrar tempo nem para fazer um dinheirinho extra. Ainda assim, a cada ano, centenas de brasileiros deixam para trás um cargo promissor, em uma grande empresa, para mergulhar nos estudos. Mas, mesmo aqueles que sonham com o título, inevitavelmente acabam se questionando em algum momento: será que vale a pena?

Por dentro do MBA: Os preparativos

A resposta para essa pergunta não é tão simples e depende de alguns fatores – como objetivo profissional, motivação para o curso, experiência prévia e momento da carreira. Para entender o que você realmente quer ou precisa, o ideal é se fazer uma série de perguntas antes de decidir aplicar de fato para o longo processo seletivo. Claro que um MBA nunca será perda de tempo – o conhecimento e as habilidades aprendidas nesse período podem ser aproveitadas de várias formas, em diferentes posições. Mas é importante ter em mente que o título não é essencial para todos.

De uma forma geral, podemos dizer que o MBA é muito útil para quem quer mudar de carreira – sair de um banco e ir para a indústria, ou deixar de ser especialista para se tornar generalista – ou alavancar sua carreira dentro do próprio segmento, buscando uma visão mais ampla de negócio que permita ocupar posições mais estratégicas – como quem trabalha em uma instituição financeira e quer chegar à diretoria. O curso também faz diferença para aquele profissional que teve um crescimento muito acelerado, mas ainda precisa desenvolver algumas habilidades e preencher lacunas de conhecimento.

Utilidade
O curso é altamente focado na aplicação de práticas de negócios. Se seu plano de carreira não exige realmente um MBA, é preciso ponderar suas reais motivações, além de avaliar se suas expectativas correspondem à realidade do programa. Dependendo dos seus objetivos profissionais, uma pós-graduação ou um mestrado seriam mais adequados. Para chegar ao cargo de diretor financeiro da empresa, por exemplo, você pode buscar uma formação especializada em um mestrado ou pós-graduação lato sensu em finanças. Um gerente geral ou CEO, por sua vez, precisa do conhecimento abrangente de negócios que um MBA pode proporcionar.

Para Armando Dal Colletto, diretor executivo da Associação Nacional de MBA (Anamba), o curso não faz sentido para um analista financeiro que busca seguir realizando um trabalho mais individual e focado. “Nesse caso, o ideal é fazer uma especialização em finanças.” Por outro lado, o MBA faz muito sentido para quem tem que coordenar uma equipe e ter uma visão mais abrangente. “Mas nem todo mundo tem tino para isso. Claro que ninguém nasce sendo líder, mas também não existe líder 100% fabricado. É preciso nascer com o potencial e ter o treinamento adequado”, diz.

Motivação
O canadense Alex Chu, fundador da consultoria MBA Apply e autor do livro “The MBA Field Guide” (2005), destaca que o salário não deve ser a principal motivação para um MBA, mas sim suas aspirações profissionais. “Um engenheiro deve fazer um MBA não para ganhar mais, mas para mudar de carreira e entrar no mundo dos negócios. Um contador pode querer o MBA para conseguir um emprego no Wall Street, porque exige o título”, pondera Alex. “Uma vez ocupando esses novos cargos, por outro lado, o investimento no MBA terá valido a pena – e pode estar acompanhado de aumento salário que retorne o valor investido”, acrescenta.

Até para o empreendedor que quer abrir seu próprio negócio, o MBA pode ser uma ferramenta importante para aumentar sua confiança, essencial nessa nova empreitada, e sua capacidade de prever problemas a tempo de prevení-los. Muita gente pode pensar que o empreendedor faria melhor investindo diretamente em sua empresa, ao invés de gastar dezenas de milhares de reais em um curso de longa duração em tempo integral. Porém, na verdade, o curso pode acabar gerando, por tabela, uma grande economia para ele – de estresse, tempo e dinheiro.

Timing
Se você chegou à conclusão de que o MBA é importante para a sua carreira, fique atento a outro ponto fundamental: o curso pode ser muito mais vantajoso se feito na hora certa. E isso tem menos a ver com a idade em si, e mais com a sua experiência profissional. “O MBA é mais acessível e proveitoso para quem está em um bom momento no trabalho, com a carreira em ascensão. As escolas buscam pessoas que têm uma trajetória acima da média, ou ao menos grande potencial”, diz Paulo César Moraes, sócio fundador da empresa Philadelphia Consulting.

A maioria dos MBAs tradicionais conta com alunos com de 3 a 6 anos de experiência. Polyana Ruffino, por exemplo, hoje aluna de MBA na ESADE, em Barcelona, passou por empresas de consumo como Hypermarcas, Santher e Danone antes de aplicar para o curso. Sua última experiência foi como gerente de marcas na Danone. “Queria impulsionar minha carreira e achei que apenas com o trabalho isso não seria possível. Expliquei a situação à minha família e disse que o investimento valeria a pena. Felizmente, todos entenderam e me apoiaram”, conta ela.

Leia também: Quando fazer um MBA fora?

Custo
Um curso de MBA em escolas americanas e europeias pode custar quase US$ 180.000 , incluindo gastos com moradia, alimentação, transporte e seguro. O número realmente pode assustar, a princípio. Mas, pensando bem, com planejamento, é possível começar a economizar desde a sua graduação e ter o suficiente para dar uma entrada em um financiamento.

Além disso, outras facilidades devem ser levadas em conta. No exterior, existem bancos que oferecem linhas de crédito específicas para esses cursos, com a possibilidade de pagamento em até quatro anos. Algumas escolas têm suas próprias linhas de financiamento com prazos dignos de um empréstimo imobiliário (até 20 anos). Outras permitem que você só comece a pagar meses depois do encerramento do seu curso. Também existem várias instituições que concedem bolsas de estudo – seguindo diferentes critérios.

Retorno
O retorno mais evidente de um MBA vai muito além de uma bela estampa no currículo. O curso desenvolve a capacidade do aluno de trabalhar em equipe e aflora habilidades relacionadas à inovação dentro das principais atividades do negócio, como contabilidade, finanças e marketing. Além disso, o MBA melhora sua confiança no inglês e amplia sua rede de contatos. “Ter essa experiência com culturas e perspectivas diferentes é um diferencial para posições de liderança, pois melhora o entendimento de cenários globais e facilita as tomadas de decisão”, diz Polyana.

Tudo isso, claro, aumenta suas chances de alcançar cargos de gerência e ter um bom retorno financeiro. A expectativa de Polyana é de que os altos custos da decisão sejam pagos no curto prazo, com o acréscimo de salário que espera receber. Segundo Paulo César, em média, quem faz um MBA fora e volta para trabalhar no Brasil tem um aumento de 50% a 100%, dependendo do segmento profissional e do contexto econômico. “Atualmente, em empresas de consultoria e indústria, por exemplo, a recolocação é ainda melhor do que em bancos”, indica o consultor.

Fizemos uma simulação dos custos que estão em jogo na hora de fazer um MBA. Consideramos um estudante que tenha o salário hipotético de R$ 10.000 e vá cursar um MBA de dois anos nos EUA:

Quanto custa um MBA por ano
– preço do curso (com matrícula incluída) = US$ 120.000 (US$ 60.000/ ano)
– custo de vida (moradia, seguro, transporte) = US$ 48.000 (US$ 24.000/ano)
– salário de que abriu mão = R$ 260.000 (dois anos ganhando R$ 10.000/mês + 13º salário)

Qual o retorno imediato estimado
+ salário do programa de verão (summer job) = R$ 30.000 (15.000 reais/mês por dois meses )
+ salário posterior imediato (aumento de 100%) = R$ 260.000 reais por ano (R$ 20.000/mês + 13º salário)
+ promoção de nível hierárquico, que além do salário traz ganhos intangíveis

 

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Sobre o escritor

Cecilia Araujo
Cecilia Araujo
Cecília Araújo é jornalista formada pela UFMG. Na Fundação Estudar, foi Coordenadora de Comunicação e Conteúdo, Gerente de Comunicação e Marketing e Co-Diretora. Atualmente, está à frente do projeto Pessoas pela Chapada, que retrata histórias de moradores da Chapada Diamantina.

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