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Minerva School oferece bolsas de estudo; brasileiro conta sua experiência

Gustavo Sumares - 08/01/2021
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A Minerva Schools at KGI, em parceria com a Fundação Estudar, está oferecendo uma bolsa de estudos no valor de 10 mil dólares ao ano por 4 anos para um estudante aceito para a turma que se inicia em setembro de 2021. O processo seletivo é feito completamente no site da Minerva e inclui diversos desafios (matemática, criatividade, interpretação de texto, entre outros), envio de histórico escolar, e análise de conquistas extracurriculares. 
Para concorrer à bolsa, o estudante deve se candidatar através deste link até o dia 15 de Março e, posteriormente, aplicar para Financial Aid até o dia 22 de Março. O estudante será considerado automaticamente para a bolsa em parceria com a Fundação Estudar, sem a necessidade de enviar documentos ou redações adicionais.”
Robson Vinicius Amorim Silva é estudante da Minerva School, uma universidade com formato bem diferente. Os alunos vêm de diferentes países e têm aulas tanto online quanto ao vivo. E os jovens vão viver em uma espécie de “campus itinerante”: O primeiro ano é em São Francisco, onde a sede da Minerva School fica, e nos demais anos eles mudarão de país a cada semestre.A seguir, veja um depoimento de Robson sobre sua experiência na escola:

Uma experiência instigante

9h30: a turma é dividida em grupos de 4 estudantes.

9h32: cada grupo lê atentamente as instruções: “Marte é o ponto de partida da raça humana em sua viagem ao universo. O nosso próximo objetivo é descobrir como desenvolver um assentamento seguro e sustentável para os seres humanos no planeta vermelho. A viagem entre a Terra e Marte dura cerca de 9 meses, o que impossibilita o transporte de alimentos e água para as tripulações. Desenvolvam um processo dinâmico para auxiliar as organizações aeroespaciais a criarem um sistema de tratamento de água e produção de alimentos fora da Terra.”

9h35: as equipes começam a caracterizar os problemas com base nas longas horas de tarefa e leitura antes da aula.

9h39: os principais obstáculos e soluções existentes são levantados.

9h43: os estudantes listam possíveis caminhos  a serem seguidos e novas tecnologias a serem desenvolvidas.

9h45: ideias são jogadas no papel e os processos desenhados.

9h50: toda turma é reunida novamente e cada solução é discutida pelos estudantes: “Quais são as características desse sistema? Existe alguma evidência que invalidaria essa ideia? ”

E assim são diariamente as aulas incríveis na Minerva. A instituição foi fundada nessa última década com o objetivo de revolucionar a forma como a educação está sendo feita no mundo. Ao invés das aulas expositivas onde os estudantes passam horas escutando passivamente os professores, os alunos na Minerva utilizam metodologias de Active Learning e conhecimento aplicado.

Os professores têm um papel de facilitadores na sala de aula enquanto os alunos enfrentam uma série de desafios instigantes aprendendo ferramentas práticas de resolução de problemas, análises empíricas, crítica e tudo a que um “aluno do século 21” tem direito.

Como conheci a Minerva

Conheci a Minerva há três anos enquanto navegava pelo canal da Estudar Fora no Youtube. A plataforma me recomendou um vídeo com um título um pouco peculiar, “Minerva: 130 alunos e 36 países em uma universidade sem sala de aula”.  Me perguntei: “Como assim uma universidade sem sala de aula?”

Foi assim que descobri que os estudantes não têm um campus fixo como em outras faculdades norte americanas. Durante os quatro anos de graduação, os estudantes vivem em um país diferente a cada semestre: São Francisco (Estados Unidos), Taipei (Taiwan), Seoul (Coréia do Sul),  Berlim (Alemanha), Buenos Aires (Argentina) e Londres (Inglaterra).

Filho de uma professora de história e desde pequeno apaixonado por tecnologia, imaginava todos os dias o quão enriquecedor seria participar dessa experiência única pelo mundo. Já imaginou ter cidades globais como o seu campus? Empresas e institutos locais como seus laboratórios itinerantes? E estudantes de mais de 30 países diferentes como sua comunidade? Com essas perguntas em minha cabeça, ainda tinha um caminho longo pela frente: uma application diferente de qualquer outra.

Uma candidatura fora do comum

Como você pensa: Diferente da grande maioria das universidades americanas, a Minerva não analisa notas de testes padronizados como o SAT e ACT pois acredita que os mesmos não refletem uma visão abrangente do potencial intelectual de cada candidato. Em vez disso, os estudantes são expostos a uma série de desafios muito parecidos ao que irão enfrentar diariamente na universidade. Esse processo tem como objetivo analisar como cada candidato pensa em várias dimensões diferentes como o seu mundo criativo e raciocínio crítico.

Se você decidir aplicar para a Minerva (o que eu super indico), esteja preparado para se divertir intensamente com os testes. Perguntas super criativas estarão te esperando em expression (speaking) para você contar detalhadamente as suas perspectivas, a etapa de criatividade (divergent thinking) testará sua capacidade de aplicar um objeto aleatório em cenários um tanto que inusitados, e uma longa série de desafios irão te provocar a pensar fora da caixa. Nada de perguntas sem muito sentido sobre textos do século 17 que até um professor PhD precisa ler com muito cuidado para não realizar uma análise equivocada.

O que você já conquistou:  A parte mais importante da candidatura da Minerva é a seção de accomplishments onde você pode contar de três a seis conquistas suas. O mais interessante dessa etapa é que o significado de conquista para eles é bem amplo – pode ser tudo aquilo que você sente orgulho de ter feito, desde uma experiência significativa que te trouxe uma nova perspectiva de vida até medalhas em uma olimpíada do conhecimento.

Eu contei sobre conquistas diversas: uma experiência super enriquecedora conversando com meu avô, um bootcamp de liderança da Latin American Leadership Academy, meus longos anos competindo em olimpíadas de robótica como competidor e técnico, e até uma experiência em um Summer Program de empreendedorismo chamado LaunchX no MIT.

Eu gastei cerca de duas semanas realizando essa etapa. Enviei as minhas respostas para os meus mentores, marquei calls com o staff da Minerva para receber feedback — uma oportunidade incrível de conversar com eles pessoalmente (mande um e-mail!) e reuni o máximo de evidências possíveis para comprovar esses eventos. Depois disso foi só aguardar o resultado e me preparar para embarcar nessa aventura!

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Sobre o escritor

Gustavo Sumares
Gustavo Sumares
Gustavo Sumares é o editor do Estudar Fora. Jornalista, já escreveu sobre tecnologia e carreira.

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