InícioPós-GraduaçãoDe Goiás a Columbia, Caroline quer mudar o mundo pela educação

De Goiás a Columbia, Caroline quer mudar o mundo pela educação

Lecticia Maggi - 17/10/2015
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“Empolgada e soterrada de leituras”. Assim Caroline Tavares, de 30 anos, define sua primeira semana no mestrado em educação na Universidade Columbia, nos EUA, uma das melhores do mundo. Bolsista da Fundação Estudar, a goiana da cidade de Acreúna descobriu muito cedo qual era sua missão: “Eu sempre me engajei em projetos sociais e amava ajudar os meus coleguinhas de sala nas tarefas deles. No ensino médio, cheguei a ter mais de 15 colegas toda semana assistindo às minhas aulas para as provas”.

Poucas coisas são tão sensacionais quanto um aluno te agradecendo por ter entrado numa faculdade ou ter aprendido novos valores

Caroline sempre estudou na rede pública e tanto a graduação em Letras, como seu primeiro mestrado foram realizados na Universidade Federal de Goiás: “Minha única experiência com escola particular está sendo agora em Columbia”. Aos 19 anos, quando lecionava em uma escola pública no Setor Garavelo, um bairro de Aparecida de Goiânia, montou uma escola de ensino médio e pré vestibular com colegas em regime de cooperativa. “A ideia era oferecer aulas de qualidade a preços acessíveis. Ela se chama Colégio Delos e existe até hoje”, conta.

Em 2006, passou no concurso para professora da rede pública. Anos depois, teve sua primeira experiência fora da sala de aula, colaborando para uma empresa de materiais didáticos, o que ampliou seus horizontes.

O próximo passo foi trabalhar na Secretaria de Educação de Goiás, onde atuou no Pacto pela Educação, coordenando programas de assessoria e tutoria para professores e escolas com dificuldades, e coordenando avaliações da rede estadual, com a meta de fazer o estado saltar do 17º lugar para estar entre os cinco primeiros no Ideb. Ficou emocionada ao ver o resultado de seu trabalho: em 2014, Goiás ficou em 1º lugar entre as redes públicas de ensino médio e em 2º de ensino fundamental.

A universidade solta no mercado profissionais que não fazem ideia do que fazer em sala de aula. Eu não sabia, fui aprendendo sozinha, errando muito

Das salas de aula, que deixou de vez em 2009, ela sente falta. “Poucas coisas são tão sensacionais quanto um aluno te agradecendo por ter entrado numa faculdade ou ter aprendido novos valores pela convivência com você. É para isso que eu trabalho e quero continuar trabalhando, sabendo que lá na ponta tem alguém com acesso a um futuro melhor por causa do que eu faço”, diz.

Longe das salas de aula, mas trabalhando duro pela educação – Hoje, a meta de Caroline no mestrado na universidade norte-americana é desenvolver novas metodologias e estratégias de formação de professores e desenvolvimento de lideranças dentro da educação. Para ela, falta preparo aos docentes brasileiros. “A universidade solta no mercado profissionais que não fazem ideia do que fazer em sala de aula. Eu não sabia, fui aprendendo sozinha, errando muito. Os cursos em geral são teóricos demais, deixando a prática da sala de aula de lado. E infelizmente essa teoria nem sempre tem à ver com conteúdo. E se eles não sabem, como os alunos vão aprender?”, critica.

Segundo ela, para a educação progredir, é preciso primeiro dar conta do básico, o “arroz com feijão”. “Entender de gestão de sala de aula, de prática docente, de avaliação e de planejamento é fundamental para ser um bom professor”, afirma.

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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