Fazer faculdade na Alemanha é um projeto que exige planejamento e atenção a vários detalhes. Entre eles, um dos mais importantes é a escolha das universidades para as quais você vai se candidatar. O país tem um sistema de ensino com particularidades próprias, que merecem ser consideradas nesse processo de decisão.
Para ajudar nesse caminho, o Estudar Fora reuniu dicas de Luiza Voss De Gregorio, brasileira que fez graduação e mestrado em Engenharia na Universidade Técnica de Munique e hoje realiza seu doutorado na Siemens em parceria com a Universidade Técnica de Darmstadt. Já conversamos com ela sobre como ingressar em uma universidade alemã; agora, compartilhamos suas orientações sobre como escolher a instituição ideal.
Defina o curso e a área de estudo
O primeiro passo fundamental é decidir qual curso você deseja fazer, ou pelo menos qual área de interesse pretende seguir. É importante refletir sobre o que faz sentido para você como estudante e para seus planos futuros.
Em áreas como direito ou medicina, por exemplo, o diploma alemão só permite que você exerça a profissão dentro do país. Portanto, pesquise com atenção as especificidades do curso que pretende ingressar.
Compreenda os tipos de instituições de ensino superior
Na Alemanha, existem diferentes modalidades de instituições que oferecem ensino superior:
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Universitäten (Universidades): instituições mais teóricas e tradicionais, com forte foco em pesquisa. A experiência é mais acadêmica e exigente.
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Fachhochschulen ou Hochschulen: escolas de caráter mais técnico e prático, que não oferecem doutorado. Geralmente incluem muitos estágios obrigatórios.
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Dual Studium: modalidade que combina uma graduação com formação técnica. O estudante divide o tempo entre aulas e trabalho em uma empresa. A formação é bastante prática.
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Ausbildung: curso técnico voltado para profissões específicas (por exemplo, eletricista). Não garante acesso direto à universidade sem qualificações adicionais (como o Abitur).
Leia também: Como ingressar em uma universidade na Alemanha
Avalie a universidade e o curso em detalhes
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Rankings específicos
Não se atenha apenas ao ranking geral. Como destaca Luiza: “Você tem que olhar, por exemplo: essa faculdade é boa para engenharia mecânica? Ou para engenharia elétrica? É importante ver isso porque as escolas têm uma independência muito grande para desenvolver cada curso do jeito que elas querem”. -
Aulas e provas
O tamanho das turmas e o formato das provas variam bastante. Luiza conta: “Em Munique, no primeiro semestre, eu tinha aula em um auditório com 700 pessoas. Funcionou para mim, mas pode não ser para todo mundo”. Também é essencial verificar o tipo de avaliação: “Aqui normalmente você tem uma prova por semestre. Tem lugares em que a prova é mais de decorar e tem lugares em que é mais de raciocínio”. -
Duração e flexibilidade
A maioria dos bacharelados dura 3 anos e os mestrados, 2 anos, seguindo o Acordo de Bolonha. No entanto, alguns cursos de bacharelado podem ter sete semestres, incluindo um estágio obrigatório de 6 meses. Segundo Luiza, é normal a pessoa precisar de mais um semestre, e há muitos casos de estudantes que mudam de curso. -
Carga horária e vida estudantil
Os cursos costumam ser intensos, com rotinas de aulas que começam às 8 da manhã e acabam às 4 da tarde. A vida estudantil é mais integrada à cidade do que ao campus, embora existam clubes e projetos universitários. Luiza conta que a Alemanha também encoraja muito você a ter um trabalho enquanto está na faculdade, como working student, o que ajuda financeiramente e proporciona experiência profissional. -
Férias
O calendário acadêmico pode impactar os planos pessoais. Luiza alerta: “A época de provas normalmente é durante as férias, então pode ser que você deixe de fazer um estágio ou de visitar a sua família no Brasil.”
Considere a cidade
“Diferente dos Estados Unidos, na Alemanha o campus é sempre integrado à cidade. Não existe aquela ideia de um campus isolado, no meio do nada, onde você vive apenas a vida universitária. Aqui, a vida acadêmica acontece junto com a vida da cidade“, explica.
Por isso, avalie se prefere uma cidade maior ou menor e pesquise o ranking de empregabilidade do local. Isso influencia diretamente nas oportunidades de working student e estágios. Como lembra Luiza: “Se você estuda em uma cidade onde não tem muitas empresas onde você possa trabalhar enquanto estuda, talvez você perca essa oportunidade”.