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Brasileira ganha bolsa do criador de Star Wars para estudar cinema

Nathalia Bustamante - 12/08/2016
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Por Jéssica Ribeiro

Estudar cinema sempre foi o sonho de Anna Israel. Tanto que ela largou o quarto ano da faculdade de Direito para se dedicar inteiramente à sua paixão. Entrou para o curso de Cinema da PUC-RJ, fez intercâmbios na Cornell University, UCLA e New York University e agora está prestes a dar mais um passo valioso em sua carreira: irá começar o mestrado em roteiro na USC (University of Southern California), uma das melhores do mundo na área.

A cineasta foi contemplada com duas bolsas: uma financiada pelo diretor George Lucas (de Star Wars e Indiana Jones) e outra pela Televisa e Lionsgate, voltada para alunos hispânicos. Ambas têm o foco em diversidade e representatividade no cinema, o que Anna considera de extrema importância. “Não estou feliz somente porque vou ganhar uma bolsa para fazer o meu curso, mas porque a partir disso eu sou parte de uma questão muito maior. Um dos maiores nomes do cinema mundial está pensando em representatividade e eu fui escolhida para ser uma dessas vozes”, conta emocionada.

Um dos maiores nomes do cinema mundial está pensando em representatividade e eu fui escolhida para ser uma dessas vozes

Mas nada vem fácil na carreira da cineasta. As bolsas não financiam todo o curso, então, no momento, ela está tentando um crowdfunding para cobrir os outros gastos. É como ela mesmo diz: “Eu sempre falo que em cinema o ‘não’ a gente já tem, então temos que correr atrás. Nada vai bater na nossa porta”.

E ela correu muito atrás: além dos intercâmbios nos Estados Unidos, Ana teve a oportunidade de fazer um estágio na produtora do diretor de Cisne Negro, Darren Aronofsky, e também de trabalhar em sets de filmes e séries, como Law and Order SVU.

Mesmo antes de entrar na faculdade de cinema, o seu talento e dedicação já começavam a ser reconhecidos: em um concurso mundial promovido pelo Departamento de Estado Americano, que pedia para que as pessoas definissem a democracia em 3 minutos, Anna fez um curta-metragem e foi a vencedora do hemisfério ocidental. Ela foi para os Estados Unidos e teve a oportunidade de receber o prêmio pelas mãos de Hillary Clinton. “Eu aprendi a fazer o filme durante as filmagens e isso só confirmou o meu sonho de fazer cinema”, conta.

Mestrado e processo seletivo

O mestrado em roteiro na USC mistura matérias práticas e teóricas. Anna explica que após muita pesquisa, viu que a grade do programa se encaixava em suas expectativas, o que a motivou ainda mais a tentar uma vaga, além da grande reputação da universidade. “É nos Estados Unidos onde está a indústria cinematográfica mais consolidada do mundo. E a University of Southern California foi considerada pela terceira vez consecutiva, pelo Hollywood Reporter, a melhor escola de cinema”. Anna também se manteve atenta aos profissionais e conta que na USC os professores não só têm um forte histórico acadêmico, como se mantêm ativos na indústria cinematográfica.

Foi assim que ela decidiu apostar todas as chances na universidade. Para isso, foi um processo seletivo bem competitivo. A cineasta explica que durou cerca de um ano entre a entrega dos primeiros formulários, histórico escolar, cartas de recomendação, redações, proficiência de inglês, até a tentativa da bolsa e o resultado final. Apesar da grande carga de material exigido, Anna vê a importância disso para que pudesse mostrar seu potencial e tudo o que havia feito dentro do cinema até aquele momento: “As pessoas costumam perguntar: Mas o que você fez para conseguir? E eu falo: Tudo o que eu fiz na vida até hoje me trouxe aqui. É uma junção de muitos fatores, é toda uma construção de um trabalho.”

As pessoas costumam perguntar: Mas o que você fez para conseguir? E eu falo: Tudo o que eu fiz na vida até hoje me trouxe aqui.

Para o processo seletivo da bolsa foi preciso que ela falasse sobre as questões financeiras e sua motivação para o mestrado. Cada bolsa era voltada para um segmento, e a oferecida por George Lucas era para grupos pouco representados no cinema, tanto nos bastidores quando nas telas. O candidato poderia se candidatar para todas e cada uma possuía suas especificações.

Havia uma pergunta específica da bolsa de George Lucas a respeito dos planos do candidato em trabalhar com a questão da diversidade dentro da indústria cinematográfica. Para Anna, que leva esse tema como algo primordial e percebe a necessidade do debate, foi uma possibilidade de se expressar e mostrar o quanto essa bolsa realmente está conectada com o que ela pretende para seus projetos futuros, que visam “ouvir as vozes que estão ao redor do mundo”, afirma.

Dicas para quem quer estudar cinema fora

Para quem está começando a trilhar seu caminho na sétima arte, Anna conta que é de grande importância ver possibilidades de mestrado ou de intercâmbios acadêmicos no exterior, que contribuem na troca de experiência e especialização: “Tendo em vista que você trabalha com arte, você trabalha com pontos de vista e expandir isso é fundamental”. Ela também comenta o fato de que ir para os Estados Unidos dá a chance de conhecer uma indústria forte e que tem uma tradição diferente da do Brasil, em termos de mercado audiovisual.

A poucos dias de começar o mestrado, Anna conta que está ansiosa também pela expectativa de poder conhecer o cineasta George Lucas, o que ela não sabe se irá acontecer. “O mestrado é um passo absurdamente gigante, não é um ponto final. É interessante saber e pensar como vou poder aplicar o que vou aprender no Brasil”, conta Anna, que já traçou outros planos para quando retornar.

* Foto: Ana Israel recebendo o prêmio de Hillary Clinton / Acervo Pessoal

 

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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