Por Debora Cristine dos Santos Borges, estudante do Prep Program 2025
Você já quis participar de uma atividade, mas, ao procurar em sua cidade, não encontrou nada parecido? Ou ainda, pensou que suas extracurriculares não seriam competitivas por não morar em uma grande cidade? Já quis fazer algo além da escola, mas não encontrou oportunidade?
Quando comecei a pensar em aplicar para o exterior, achei que viver em uma cidade pequena, ou que não fosse uma grande capital, fosse uma desvantagem. O assunto de application era visto como algo elitista e de outro mundo. Além disso, as atividades extracurriculares eram menosprezadas por muitas vezes “atrapalharem” o tão importante processo de estudos para vestibulares e ENEM.
Mas hoje vejo que justamente essas limitações me fizeram criar caminhos únicos.
Ao focarmos apenas nas limitações dos nossos ambientes, podemos ficar presos aos desafios e, muitas vezes, não olhar para os outros lados. Morando em Palmas, Tocantins, me sentia perdida, pois, por mais que seja uma capital, a cidade é muito nova e pequena comparada a outras grandes cidades. Porém, ao olhar para os pontos positivos, descobri grandes oportunidades e vantagens:
Proximidade com líderes locais
Em cidades menores, existe uma abertura muito maior para conversar com figuras importantes da comunidade. É muito mais fácil falar diretamente com a diretora da sua escola, o secretário de educação do município ou coordenadores de projetos de pesquisa e sociais.
Essa proximidade reduz burocracias e torna possíveis parcerias e apoios que, em grandes centros urbanos, exigiriam muito tempo. Por exemplo, se quiser organizar uma oficina de artes, basta conversar com seu diretor ou representante. Além disso, você pode conseguir espaços desenvolvendo confiança e relações — algo quase natural em cidades pequenas.
Liberdade para iniciar algo do zero sem competição
Em grandes cidades, muitos projetos já existem — clubes estudantis, grupos de voluntariado, feiras acadêmicas, torneios. Isso é ótimo, mas também significa que pode ser mais difícil criar algo realmente novo ou se destacar.
Já em cidades pequenas, você é pioneiro(a). Não existe um clube de ciência? Um projeto social voltado à infância? Uma feira cultural? Então você pode ser o(a) primeiro(a) a criar. E, quando começa algo do zero, mostra liderança, proatividade e visão — qualidades muito valorizadas em applications.
Facilidade de criar impacto visível e real na comunidade
Em cidades menores, é comum que boas iniciativas ganhem visibilidade rapidamente. Seus impactos podem ser expandidos e perceptíveis para a sua comunidade. As pessoas se conhecem e espalham boas oportunidades umas para as outras.
Se você cria um projeto inspirador, se destaca em uma olimpíada ou propõe algo inovador, será reconhecido. Mas, melhor que isso, você pode gerar um impacto significativo em sua comunidade — como, por exemplo, começar um clube de treinamentos para olimpíadas de matemática em sua escola.
Como construir extracurriculares na prática
Crie o que você gostaria de ter participado:
Ex: você gostaria de participar de um clube de debates, mas na sua cidade isso não é comum.
Muitas vezes, eu queria fazer uma olimpíada que minha escola ou cidade nunca havia participado antes, mas, ao sugerir a ideia, começamos a participar.
Envolva sua comunidade local:
Ex: projetos com sua escola, igreja ou associações do seu bairro.
Use a internet estrategicamente:
Ex: participe de olimpíadas online, cursos gratuitos, divulgue suas iniciativas nas redes sociais para aumentar o impacto.
Faça parte de projetos mesmo à distância:
Ex: mentorias, clubes online, embaixadas de ONGs e voluntariados podem ser sua oportunidade de somar e representar sua comunidade em iniciativas nacionais — ou até mesmo internacionais.
Qualidade > quantidade
Mais do que dezenas de extracurriculares no seu currículo, preze pela qualidade. Uma boa extracurricular, que mostre sua iniciativa, proatividade, paixão, ação e resultados, vale muito mais do que várias superficiais.
Fazer muito com pouco mostra sua resiliência, criatividade e impacto local.
Sempre olhe para a sua própria cidade como um terreno fértil. Nenhum lugar é pequeno demais para grandes sonhos e ideias. Sua iniciativa pode inspirar outras pessoas e atrair companheiros para sua jornada. Comece com o que tem — mesmo que seja apenas uma ideia.
Debora é uma estudante do terceiro ano do E.M, nascida e residente em Palmas, Tocantins. Ela é uma garota curiosa, sempre pronta para aprender coisas novas, apaixonada por tecnologia e educação. Esse amor pelo aprendizado já a levou a participar de diversas olimpíadas em diferentes temáticas. Uma curiosidade sobre Debora é que ela ama aprender sobre produção musical.
A coluna acima foi escrita por Debora Cristine, participante do Prep Program, preparatório da Fundação Estudar com foco em jovens que desejam cursar a graduação no exterior. Totalmente gratuito, o programa oferece orientação especializada sobre o processo de candidatura em universidades de fora do país. Saiba mais e faça sua inscrição aqui.