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Conheça modelo de aula de Oxford e Cambridge que existe há mais de 600 anos

Priscila Bellini - 05/12/2023
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O formato é simples: em uma sala, um grupo pequeno de alunos junta-se a um tutor mais experiente para a aula. Entretanto, o material inicial será apresentado pelos próprios estudantes. Isso porque nas tutorias da Universidade de Oxford e de Cambridge é necessário escrever redações semanais sobre temas propostos. Com o texto pronto e enviado ao responsável pela turma, chega a vez de colocá-lo em discussão.

Em geral, as sessões seguem a mesma fórmula: um dos alunos lê o essay de um dos colegas. Em disciplinas como Matemática, essa etapa pode ser a resolução de uma série de problemas apresentados pelo tutor. Há, ainda, a possibilidade de fazer uma aula individual ao invés das tutorias em grupos reduzidos. Nesse caso, o desafio aumenta: os estudantes tem, no mínimo, uma hora de discussão em que toda a argumentação é questionada. Essa estrutura faz parte dos cursos de graduação desde os primeiros anos de existência das duas instituições.

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De acordo com a Universidade de Oxford, esse modelo é definido como um “aprendizado personalizado“. Afinal, em grupos pequenos, fica mais fácil trocar ideias com um expert no assunto. Mais do que isso, o estudante recebe feedback sobre cada ideia elencada nos textos e precisa sempre fortalecer a própria argumentação.

Como surgiram os tutorias de Oxford e Cambridge

Antes de falar de tutorias, é importante destacar a tradição de ensino nas duas instituições inglesas, que têm séculos de funcionamento e estão entre as melhores do mundo. Em termos exatos, há registros de aulas em Oxford desde 1096, e Cambridge abriu as portas em 1209. Já no século 15, começou a se consolidar o método dos tutorias, inspirado em um formato “socrático” de ensino.

Para descrever o sistema, o professor Will Moore, do St John’s College, explicou a função dos tutores. Eles “tinham responsabilidade sobre a conduta e a instrução de seus colegas mais jovens”. Apesar dessa função de guia, a ideia era promover discussões e permitir que cada aluno conseguisse desenvolver melhor suas ideias.

Universidade de Oxford conta com tutorias regulares para alunos de graduação.

 

Cambridge também manteve essa tradição. Hoje em dia, os alunos são encaminhados para “supervisions“, que seria o equivalente às tutorias Durante as sessões, entre um e três alunos discutem ideias com um expert no tema sugerido. Por exemplo, se o desafio for elaborar uma redação sobre imigração no Reino Unido, um especialista estará a postos para questionar os essays apresentados. As conversas podem durar até duas horas e não servem como avaliação regular, apenas como forma de obter feedback constante e fortalecer a argumentação.

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Quais são os pontos positivos e negativos dos tutorias

O lado bom:

#1 Estudantes têm a chance de produzir análises próprias sobre o material apresentado.

#2 O sistema propõe uma ideia de conhecimento como construção, a partir dos debates.

#3 Reuniões semanais permitem feedbacks constantes.

#4 Alunos têm contato com especialistas e exploram a fundo diferentes temáticas.

O lado ruim:

#1 A carga de leitura exigida para cada sessão é bastante alta. Pode ser necessário ler, em uma semana, três livros.

#2 Estudantes podem se sentir intimidados com a dinâmica, em que precisam discutir ativamente.

#3 Para os alunos internacionais, cuja primeira língua não é o inglês, pode ser difícil se adaptar.

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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