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Por que as melhores universidades apostam em empreendedorismo social?

Priscila Bellini - 31/08/2016
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Por Priscila Bellini

As universidades que encabeçam rankings como o QS e o Times Higher Education têm muito em comum. Em algumas delas, o foco em pesquisa faz a diferença. Em outras, a qualificação do corpo docente permite a subida ao pódio. Mas, recentemente, outro ponto também tem se destacado entre as bem avaliadas: a oferta cursos que se voltem para iniciativas de impacto social.

Em especial nas escolas de Negócios, Economia e Engenharia, essas instituições se debruçam sobre os desafios de realizar a mudança social e transformar a vida das pessoas. Os cursos oferecidos vão de empreendedorismo social, para quem pretende desenvolver ou aperfeiçoar projetos como start-ups, até gestão de organizações não-governamentais e sem fins lucrativos.

São propostas que têm tudo a ver com a forma como muitos jovens desejam conduzir a carreira. “A geração de hoje em dia não quer deixar seus valores de lado na hora de escolher uma carreira. Trabalhar com algo que esteja atrelado aos seus ideais é importante e as pessoas estão dispostas a renunciar aos salários mais altos para conseguir isso”, explica a diretora do Center for Social Innovation de Stanford, Bernadette Clavier.

Outro ponto essencial é a tendência, nessas universidades de prestígio, de se preocupar em trazer valores e métodos do empreendedorismo social para as formações tradicionais. É o caso do Skoll Centre for Social Entrepreneurship, na Universidade de Oxford, que ocupa o sexto lugar no ranking QS em nível mundial. “Nós também acreditamos na responsabilidade dentro da área de negócios, e no nosso compromisso em desenvolver líderes responsáveis, que percebam a necessidade de fazer a diferença”, destaca Andrea Warriner, que gerencia o programa de desenvolvimento de talentos do centro, dentro da Saïd Business School, da Universidade de Oxford.

Conheça alguns dos programas do tipo oferecidos nas universidades que lideram os rankings.

 

Skoll Centre for Social Entrepreneurship, em Oxford

Este centro da Saïd Business School concentra as iniciativas voltadas para impacto social, que vão desde matérias em inovação na área da saúde até social finance. Como Warriner destaca, o objetivo do centro é fazer com que, no futuro, o empreendedorismo social não precise ser estudado à parte e considerado um outro tipo de oportunidade, e sim que as empresas e outras instituições tenham arraigados valores positivos. “O que a universidade espera é que os estudantes exijam cada vez mais que as organizações onde trabalham repensem seu impacto social e ambiental — seja um banco, uma consultoria, o que for”, explica Andrea, que trabalhou em organizações como a Africa Health Placements, focando nos desafios na área de saúde no continente africano.

O que a universidade espera é que os estudantes exijam cada vez mais que as organizações onde trabalham repensem seu impacto social e ambiental — seja um banco, uma consultoria

Entre as oportunidades oferecidas aos que se interessam pela área de empreendedorismo social dentro dos programas de mestrado e MBA está o Global Challenge. É uma iniciativa que permite aos estudantes e recém-formados da universidade escolher um tópico global e examinar o cenário por trás dele, para depois elaborar propostas de resolução.

Além disso, todos os estudantes de MBA na Saïd Business School participam do GOTO (Global Opportunities and Threats: Oxford), um programa que apresenta os principais desafios aos negócios nos próximos 25 anos. Entram na lista de temas o envelhecimento da população, escassez de recursos naturais e mudanças na força de trabalho de vários países.

 

Center for Social Innovation, em Stanford

A universidade americana ocupa o terceiro lugar no ranking QS e oferece diferentes oportunidades para quem quer focar a carreira em impacto social. A abordagem de Stanford adapta cursos de empreendedorismo mais tradicionais e recebe os estudantes focados na área social, além de dedicar várias matérias eletivas para empreendedores sociais.

Como a diretora do centro destaca, não é necessário ter liderado um mega projeto social antes para embarcar numa oportunidade dessas em Stanford — basta um interesse na área e, claro, uma boa application. Uma vez aceitos, no caso dos MBAs com foco na área social, os estudantes passam por matérias básicas da área de empreendedorismo e podem participar de aulas voltadas para contextos sociais e análise de casos de sucesso, mas também têm aulas mais práticas, com foco em desenvolvimento de projetos.

Entre as disciplinas está a de “Entrepreneurial Design for Extreme Affordability”, que é voltada para a área de projetos e combina aspectos de engenharias e negócios. A ideia é que os alunos, divididos em grupos de trabalho, tenham contato com o desenvolvimento de protótipos, planos de negócio e tecnologias que sejam voltados para países em desenvolvimento e populações mais pobres.

 

Center for Social Sector Leadership, em Berkeley

Dentro da Haas Business School, em Berkeley, a proposta de pensar o empreendedorismo social já é bastante consolidada. O currículo oferecido contempla desde a micro até a macroeconomia, o reconhecimento de problemas e a elaboração de soluções e inovação aplicada.

A partir daí o aluno pode “desenhar” o próprio currículo com uma lista de matérias voltadas para a sua especialização. Pode ser a oportunidade de ouro para estudar os desafios ambientais, ou mesmo entender a relação da área social com políticas públicas. Com essa flexibilidade, é possível aprofundar o conhecimento nas áreas de interesse e aproveitar as atividades fora da sala de aula oferecidas pela universidade.

Um dos programas de destaque é a Global Social Venture Competition (GSVC), em que os alunos identificam problemas sociais e desenvolvem soluções específicas, depois de analisar o cenário. Os vencedores levam 50 mil dólares para tirar a proposta do papel e colocá-la em prática.

 

* Foto: Programa do Center for Social Innovation de Stanford / Crédito: Divulgação

 

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Sobre o escritor

Priscila Bellini
Priscila Bellini
Priscila Bellini é jornalista, bolsista Chevening 2018/2019 e mestre em Gênero, Mídia e Cultura pela London School of Economics and Political Science (LSE). Foi colaboradora do Estudar Fora em 2016 e 2017 e editora do portal em 2018.

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