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Crowdfunding: entenda como a vaquinha virtual está mudando o mundo

Lecticia Maggi - 20/06/2014
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Você já ouviu falar em crowdfunding? Talvez a palavra não soe familiar, mas o conceito você certamente conhece. A expressão em inglês vem da união de crowd, que significa multidão, e funding, financiamento. Ou seja: financiamento coletivo. O conceito é simples. Lembra da “vaquinha”, quando os amigos se juntavam por uma causa comum e cada um contribuía financeiramente com o que podia? Pois é, agora imagine uma vaquinha na internet, com amigos que curtem a sua idéia e a compartilham com outros amigos, que, por sua vez, também vão compartilhar com mais amigos, em escala crescente! Isso é crowdfunding!

Jovens fazem ‘vaquinha’ para estudar nas melhores universidades do mundo

Quantas vezes você já compartilhou uma ideia muito legal de um amigo? Ou viu no perfil de um conhecido uma história comovente, de alguém que tem um projeto bacana, mas que não tem dinheiro para levá-lo adiante? É aí que entra o crowdfunding

Dentre as inúmeras mudanças que o mundo virtual nos trouxe, uma delas foi a possibilidade das pessoas se conectarem de uma forma muito mais simples e rápida. É cada vez mais comum ver pessoas trocarem informações em tempo real. E isso vale pra tudo: desde o compartilhamento de vídeos engraçados e mensagens de auto-ajuda até a mobilização em torno de uma boa causa. Quantas vezes você já compartilhou uma ideia muito legal de um amigo? Ou viu no perfil de um conhecido uma história comovente, de alguém que tem um projeto bacana, mas que não tem dinheiro para levá-lo adiante?

E, assim como você curte uma boa idéia, talvez você se inspire em ajudar alguém, fazendo uma doação, ainda que pequena. E é aí que entra o crowdfunding.  O procedimento é bem fácil: basta jogar na rede um vídeo, uma descrição do seu projeto e a sua meta financeira. Com o dinheiro arrecadado, você pode dar início ao seu sonho, independentemente do que for. Para organizar todo esse fluxo de informações – a sua idéia e a contribuição dos seus amigos –, existem plataformas próprias, como é o caso do Benfeitoria, no Brasil.

Embora no Brasil o crowdfunding ainda esteja crescendo, aqui nos Estados Unidos, onde moro, ele já está super na moda. Sempre tem alguém discutindo a respeito e debatendo as consequências que este tipo de financiamento coletivo pode trazer. Duas semanas atrás, por exemplo, participei de um evento no Centro de Iniciativa para Inovação da Sloan, a Business School do Massachusetts Institute of Technology (MIT). O evento reuniu grandes nomes do crowdfunding, como a professora Fiona Murrey e o professor Christian Catalini, que estuda o fenômeno desde 2007. Basicamente, a pergunta que se queria responder era: será que o crowdfunding é capaz de democratizar o acesso ao capital? A conclusão foi a de que ele não só democratiza o acesso ao dinheiro, já que qualquer pessoa pode contribuir, como também facilita o acesso a novas idéias. E, neste ponto, crédito para as redes sociais, que permitem que amigos – ainda que geograficamente distantes – possam se comunicar e compartilhar informações com outros amigos. O número de pessoas que passam a acessar a idéia é significativamente maior e a burocracia para contribuir com o projeto, praticamente inexistente.

Aliás, um dos exemplos de sucesso em crowdfunding dado pelos professores do MIT vem do Brasil. Eles contaram a história de uma startup chamada Descomplica, criada pelo brasileiro Marco Fisbhen. Com a missão de revisar o conteúdo do Ensino Médio por meio de aulas gravadas e disponibilizadas gratuitamente na rede, a Descomplica arrecadou em 2012, 2 milhões de dólares para rodar o projeto. Agora, apenas dois anos depois de sua fundação, conseguiu arrecadar mais 5 milhões de dólares via crowdfunding, o que indica que os investidores – antigos e novos – acreditam no sucesso da idéia.

A tônica do crowdfunding é a de que grandes ideias merecem ser postas em prática e que dinheiro não pode ser o problema

Mas não é só. Tem gente conseguindo financiar a produção de  filmes e documentários, ajudando pessoas a custearem uma operação ou tratamento de saúde e, até mesmo, acreditando no potencial de um bom aluno e contribuindo com o pagamento de parte de seus estudos, tudo via crowdfunding. O Estudar Fora mesmo, por acreditar no potencial de 16 jovens aprovados nas melhores universidades do mundo, mas sem condições de bancar seus estudos, lançou uma campanha de financiamento coletivoAssista aos vídeos deles aqui e saiba mais!

Ao que tudo indica, a tônica do crowdfunding é a de que grandes ideias merecem ser postas em prática e que dinheiro não pode ser o problema. Neste aspecto, a internet anda fazendo muito bem para a humanidade. Afinal, ela não só aproxima as pessoas, mas faz com que aqueles que tem objetivos comuns possam se conhecer, se vincular e se ajudar. É, a vaquinha virtual anda mudando o mundo… Para melhor.

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carol campos coluna

 

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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