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Brasileira conta como é estudar na melhor escola de MBA do mundo

Nathalia Bustamante - 19/02/2016
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Por Nathalia Bustamante

Apontado pela Financial Times como o melhor programa de MBA do mundo em 2016, o Insead (sigla em francês para Instituto Europeu de Administração de Empresas) força seus estudantes a conviverem com a diferença e a saírem da zona de conforto. Esse desafio se dá tanto pelas turmas, formadas por um mix de culturas, personalidades e talentos, como pela possibilidade de, em um ano, transitar entre três continentes – o Instituto tem campus na França, em Singapura e em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Conviver com pessoas com talentos muito diversos nos faz ver que temos muito a melhorar em todos os aspectos da vida

Foi o ambiente de diversidade da escola, que se define como “The Business School for the World”, que encantou a brasileira Marcela Zonis. Formada em administração de empresa, depois de cinco anos no mercado, ela queria voltar a estudar, mas tinha dúvidas entre fazer um mestrado ou um MBA. Uma visita ao campus do Instituto em Fontainbleau, na França, a fez tomar a decisão: “De repente, não queria nem MBA nem mestrado, só queria estudar no Insead”, relembra.

“A diversidade lá vai além dos países de origem. Eles nos colocam em contato com pessoas com diferentes competências – nada mais contundente para expandir nossa visão de mundo e de nós mesmos”, afirma Marcela, que diz ter se tornado mais empática depois da experiência.

“Conviver com pessoas com talentos muito diversos nos faz ver que temos muito a melhorar em todos os aspectos da vida. Há pessoas brilhantes em matemática, mas fracas em comunicação, e outras que têm um balanço de talentos impressionante. Isso gera um desconforto, uma sensação de que precisamos correr atrás”, completa ela.

Os diferenciais do MBA Insead – Apesar de ter duração de 10 meses, o MBA do Insead cobre 80% do conteúdo programático de MBAs de dois anos de duração. “É intenso. Entre estudos e outras atividades do MBA, eu gastava de 14 e 16 horas por dia”, conta.

As aulas, porém, não são só conteúdo – pelo contrário: espera-se que os alunos contribuam com sua experiência e seus pontos de vista nas discussões em sala. Por isso mesmo, há uma extensa lista de leituras preparatórias para cada classe.

A transição entre campus não é obrigatória, mas altamente recomendável, porque são Inseads completamente diferentes

A participação conta muito na avaliação final do aluno, e não é qualquer comentário que vale. “Cada aluno da sala tem uma plaquinha de identificação com seu nome e nacionalidade. Então, em sala, se alguém faz algum comentário que não acrescenta ou que só parafraseia o que já foi dito, toda a turma balança suas plaquinhas acima da cabeça. Isso gera uma pressão para que se mantenha alto nível em todas as discussões”, relembra ela. “É, literalmente, uma política de no bullshit”, completa, rindo.

Outro diferencial do programa para Marcela é a idade média da turma – 29 anos, um pouco acima da média de 26 de outros MBAs. “Estes três anos fazem diferença com relação à experiência profissional que cada um tem a agregar, além da maturidade de saber que aquele é um ano especial para todos ali e a consciência de que devem aproveitar ao máximo a experiência”, observa.

Uma escola, três campus – A grade do curso se divide em cinco períodos de dois meses. Os dois primeiros são obrigatórios a todos, abrangendo disciplinas básicas como finanças, psicologia, estatística e administração. No terceiro período, há a possibilidade de fazer algumas opcionais da sua área de escolha, além das obrigatórias da grade.  Já os dois últimos são completamente abertos, e o aluno escolhe o que e onde quer estudar. As possibilidades são inúmeras e vão de comunicação e liderança a mais técnicas como mercado financeiro e private equity.

Os 900 alunos selecionados por ano podem escolher entre começar o curso na França ou em Singapura, sendo que há mobilidade para os outros campus nos três últimos períodos. Marcela, por exemplo, começou em setembro em Fontainbleau, fez seu estágio de verão no Brasil e terminou os últimos períodos na Ásia. “A transição não é obrigatória, mas altamente recomendável, porque são Inseads completamente diferentes”, analisa. Para ela, a mudança também foi importante para que aprendesse a se adaptar rapidamente e a viver com menos.

O MBA te te muda como pessoa. É uma experiência impagável

Preparação – O processo de seleção é semelhante aos de outras escolas de negócios dos Estados Unidos e da Europa, e compreende o envio de redações e do exame GMAT. As notas médias do exame giram em torno de 700 pontos, e outras experiências profissionais são muito valorizadas. Além disso, a escola exige o domínio do inglês e de pelo menos mais um idioma para admissão.

O investimento para se estudar no Insead é significativamente mais baixo que outros programas com dois anos de duração, mas ainda assim é alto: em torno de US$ 69.000 somente de mensalidade. Mas a universidade oferece bolsas de estudo e opções de financiamento por meio de instituições parceiras. Marcela, por exemplo, financiou parte do valor da tuition com uma startup de empréstimos estudantis fundada por ex-alunos do Insead. Um ano e meio depois de retornar ao Brasil, concluiu o pagamento.

Ela alerta, porém, que este não deve ser considerado um impeditivo para quem deseja fazer um MBA fora. “O valor de um MBA não pode ser só contado em dinheiro ou no aumento de salário que vai te proporcionar depois. Ele te muda como pessoa. É uma experiência impagável”, defende.

Orgulhosa, ela diz que a escola é única e o MBA faz jus ao ranking da Financial Times. “A experiência que tive lá me ensinou que devo sempre me cercar de pessoas melhores do que eu, para que nunca deixe de correr atrás e melhorar, como pessoa e como profissional”.

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Sobre o escritor

Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante
Nathalia Bustamante é jornalista formada pela UFJF. Foi editora do Estudar Fora entre 2016 e 2018 e hoje é coordenadora de Conteúdo Educacional na Fundação Estudar.

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