InícioGraduaçãoBate-papo: estudante conta o que fez para ser aprovado em Stanford

Bate-papo: estudante conta o que fez para ser aprovado em Stanford

Lecticia Maggi - 05/02/2015
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No Capão Redondo aprendi muita coisa que foi importante para o que eu fiz depois. A maior delas foi a persistência

Gustavo Torres, de 17 anos, nasceu e cresceu no Capão Redondo, bairro da periferia da cidade de São Paulo (SP). Assim como seus amigos, estudou em escola pública. No entanto, sua vida está seguindo um rumo bem diferente da dos jovens de baixa renda de sua região: ele foi aprovado na Universidade Stanford, nos EUA, que está entre as 10 melhores do mundo conforme os principais rankings acadêmicos (QS e THE). A instituição é considerada a 2ª mais seletiva, aprovando apenas cerca de 6% dos candidatos.

Quer saber como o Gustavo conquistou essa aprovação? Em conversa com o Estudar Fora, ele conta sua trajetória desde o ensino fundamental na Escola Estadual Miguel Munhoz Filho, comenta as principais dificuldades e oportunidades que teve e explica alguns pontos do application (candidatura), além de dar dicas preciosas para quem também deseja cursar a graduação no exterior. “Quando alguém pergunta quem sou eu, começo dizendo que sou um humano do Capão”, ri. “No Capão Redondo aprendi muita coisa que foi importante para o que eu fiz depois. A maior delas foi a persistência. Justamente porque nasci sem muitas coisas dadas, percebi que teria que me esforçar muito se quisesse alcançar algo”, conta. Assista:

Quem sou eu

“Gosto muito de contribuir, acho que a vida só faz sentido se você contribuir com os outros. E gosto de inovar. Acho que tudo que você quer fazer tem que fazer de um jeito único.”

A decisão de estudar fora do Brasil

“No final de 2013, no meu 2º ano do ensino médio, decidi realmente estudar fora e comecei uma preparação intensa”.

A importância de acreditar em si mesmo – e de ter experiências internacionais

“Ganhei uma bolsa, fui para Yale e passei três semanas lá. A experiência foi incrível, mas o maior aprendizado que ficou é que era possível. Até então, eu me colocava algumas barreiras: achava que por ser do Capão, não poderiaconseguir coisas grandes.”

 

Motivações e sonhos

“Sonhos me movem. Ajudar os outros a sonhar me move muito. Adoro sentir que estou conseguindo ajudar a pessoa a sonhar e ver que ela pode ir além.”

APPLICATION

Como e quando começar a se preparar para o application

“Acredito que sempre é possível corrigir algo. Se você vai mal na escola, comece agora a ir bem. Preparar-se para estudar fora envolve uma mudança de atitude.”

Rotina de estudos

“Não fiz a preparação do jeito mais certo. Demorou a cair a ficha que precisava estudar para o SAT (…) Tudo que não fiz em um ano tive que fazer em dois meses.”

Atividades extracurriculares: qual sua importância e o que fazer

“Uma das minhas atividades mais importantes era um projeto social que comecei com um amigo em 2013, chamado Descobrindo o Sonho Jovem. O propósito do projeto é muito forte porque tem a ver com nossa história e o que queremos deixar de legado.”

 

Notas no SAT

“Eu achava que o SAT seria bem mais fácil. A parte do reading foi a que achei mais complicada. Tem muito vocabulário específico e o tempo para leitura é curto.”

As maiores dificuldades do processo de application

“A parte dos essays (redações) foi a que achei mais complicada. O SAT é difícil, mas é objetivo. Se você estuda, você vai bem. Já as redações não são tão objetivas, você tem que descobrir o que é mais importante para você e tentar extrair seu melhor no texto.”

Elaboração da college list

“Queria uma faculdade que fosse muito boa em tecnologia e incentivasse o empreendedorismo. Essas foram as duas coisas principais. O resto era detalhe.”

Quer estudar fora também?

Dicas para chegar lá

“A primeira coisa que você deve buscar é o inglês. Sei que o da escola pública, pelo menos o da maioria, não é bom. Então, você tem que dar um jeito de estudar. Outra coisa importante, e não só para estudar fora, mas para a vida é buscar aquilo que faz sentido para você, que você realmente gosta. A gente não faz isso, só segue o senso comum.”

O que fazer quando a oportunidade parece impossível?

“Uma amiga minha me marcou numa atividade chamada virada empreendedora, que teria 24 horas de atividades para quem gostava de empreendedorismo. Fui ver no site e precisava pagar R$ 100 para participar do evento. Pensei: ‘Da onde vou tirar R$ 100 para pagar?’ Comecei a mandar e-mails para todos os organizadores…”

É possível se preparar sozinho para a graduação no exterior?

“Há um trabalho muito maior para quem não tem uma organização que possa auxiliá-lo, mas não é impossível. É possível correr atrás  de outras pessos, mandar e-mail para ex-alunos, pedir ajuda. Muito possivelmente, essa pessoa vai receber sim de algum lugar.”

Ainda precisa de inspiração?

Veja qual é a frase que o Gustavo Torres mais gosta e que o mantém inspirado:

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Sobre o escritor

Lecticia Maggi
Lecticia Maggi
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Senac-SP. Foi editora do Estudar Fora entre 2014 e 2016. Atualmente, é coordenadora de comunicação no Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que tem como um de seus objetivos ajudar a qualificar o debate educacional no país.

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